Jun 1, 2023
Hipertensão na gestação
HIPERTENSÃO NA GESTAÇÃO: O QUE VOCÊ PRECISA SABER
A hipertensão na gestação é uma condição médica grave que afeta mulheres em todo o mundo. É importante entender os riscos envolvidos, como prevenir e tratar essa condição para garantir a saúde da mãe e do bebê.
No Brasil, a maior causa de mortalidade materna são as complicações da hipertensão, portanto, é importante abordarmos esse assunto de forma cuidadosa.
As síndromes hipertensivas na gravidez podem ser divididas da seguinte forma:
➡ Hipertensão crônica
➡ Pré-eclâmpsia
➡ Eclâmpsia
➡ Síndrome hellp
HIPERTENSÃO CRÔNICA
A hipertensão crônica é a condição das mulheres que já são sabidamente hipertensas antes da gravidez, ou que apresentam aumento da pressão até a 20ª semana.
Quando uma mulher é hipertensa, o ideal é que ela passe por uma consulta antes de engravidar, a fim de adaptar suas medicações e também receber orientações quanto aos hábitos que devem ser adotados na gravidez.
Nem toda gestante hipertensa crônica necessita de medicação. No início da gravidez, existe uma tendência a diminuição da pressão e, em alguns casos, essa mulher não precisará de medicação, apenas de controle e vigilância. Sempre é importante a aferição da pressão e mudança do estilo de vida, com cuidados da alimentação e realização de atividade física regular.
Mulheres previamente hipertensas têm um risco maior de desenvolverem pré-eclâmpsia durante a gestação e, por isso, devem ser acompanhadas de perto pelo obstetra. Será importante a realização de exames maternos, ecografia e cardiotocografia para controle do bem-estar fetal.
Se essa mulher permanecer com sua pressão controlada e não houver sinais de complicação, a gestação poderá ir até 40 semanas, quando é indicada sua interrupção. Se for o desejo da mulher, é possível realizar indução de trabalho de parto.
Hipertensão na gravidez não é um indicativo de cesariana.
PRÉ-ECLÂMPSIA
A pré-eclâmpsia caracteriza-se pela presença de hipertensão arterial, edema e/ou proteinúria (proteínas na urina) a partir de 20 semanas em gestantes que previamente tinham pressão normal. O desenvolvimento da doença está relacionado à forma como a placenta se insere no útero, por isso, a consideramos uma doença “placentária”.
Considera-se hipertensa a mulher que apresenta pressão superior a 140/90 (essa medida deve ser confirmada após 4 horas de repouso).
Uma característica importante da doença é sua evolução imprevisível: às vezes lenta, gradual, com poucas alterações da condição materna ou fetal, e outras vezes sua evolução é rápida com repercussões graves exigindo medidas urgentes e definitivas. Em torno de 6 a 8% das gestações vão se deparar com a pré-eclâmpsia.
Os principais fatores de risco para desenvolvimento da doença são:
• primeiro filho
• hipertensão arterial crônica
• obesidade
• gemelaridade
• mãe ou irmã com histórico de pré-eclâmpsia
• idade abaixo de 16 anos e acima de 35 anos
• doença renal crônica
• diabetes
• doença auto imune
A pré-eclâmpsia pode acarretar uma série de complicações para a gravidez como:
• restrição de crescimento,
• diminuição de líquido amniótico
• alterações no fluxo de sangue na placenta e prematuridade (em casos mais graves, é necessário interromper a gravidez antes do término, adiantando o parto)
Quando o diagnóstico de pré-eclâmpsia é confirmado, fazemos o monitoramento rigoroso dessa gestante com controle pressórico, exames laboratoriais e ecografia, a fim de definir o melhor momento para adiantar o parto.
Como a pré-eclâmpsia é considerada uma doença placentária, sua resolução só ocorre após a saída da placenta. Em alguns casos, logo na sequência a mulher começa a melhorar, em outros, leva-se mais tempo para que os níveis pressóricos dessa mulher retornem à normalidade.
ECLÂMPSIA
A eclâmpsia é a evolução da pré-eclâmpsia para sua forma grave. Ela é caracterizada pelo desenvolvimento de convulsões generalizadas. Além disso, podem acontecer outras manifestações clínicas como:
• insuficiência renal e/ou respiratória
• sangramentos e falta de oxigenação (tanto para a mãe quanto para o bebê).
Essas manifestações normalmente acontecem durante as convulsões ou imediatamente depois delas.
Os sinais de iminência de eclâmpsia devem sempre ser valorizados e avaliados. Eles consistem em:
• aumento pressórico
• dor abdominal em barra na altura do estômago
• visão de "pontinhos" brilhantes (os chamados escotomas)
• dor de cabeça frontal de forte intensidade
Quando esses sinais aparecem com aumento pressórico, a equipe deve ser avisada imediatamente e a paciente deve passar por avaliação. Se confirmado o sinal de iminência de eclâmpsia, ou mesmo a própria eclâmpsia, a gestante deve ser internada, medicada e avaliada para antecipar o parto.
SÍNDROME HELLP
A síndrome HELLP é caracterizada por uma desordem de vários sistemas do organismo, decorrentes da hipertensão. Pode acontecer tanto como consequência da pré-eclâmpsia quanto da eclâmpsia.
A palavra HELLP é uma abreviação do inglês: H de hemólise (hemolytic anemia), EL enzimas hepáticas (elevated liver enzymes) e LP baixa contagem de plaquetas (low platelet count), que são as principais características da síndrome.
A incidência da síndrome HELLP varia de 4 a 12% nas gestantes com pré-eclâmpsia grave e 11% nas gestantes com eclâmpsia. Os riscos maternos e perinatais são muito elevados, por isso a necessidade de tratamento precoce.
A gestante pode apresentar sintomas inespecíficos como:
• dor de cabeça
• dor de estômago
• náusea
• vômito
• escotomas
• aumento da pressão
O diagnóstico deve ser feito o mais rápido possível. A confirmação é feita pela avaliação dos exames laboratoriais.
O tratamento consiste em estabilizar as condições clínicas da mãe, profilaxia de convulsões (para evitar que a gestante evolua para eclâmpsia), medicação para controle da pressão e avaliação da vitalidade fetal. Cada caso deve ser conduzido individualmente e em hospital com suporte adequado.
Por se tratar de um caso grave e com alta mortalidade, seus sinais não devem ser negligenciados e devem ser tratados adequadamente por equipe capacitada.
Como a hipertensão na gestação é tratada?
O tratamento para a hipertensão na gestação depende da gravidade da condição e dos sintomas apresentados. As opções de tratamento incluem:
• monitoramento frequente da pressão arterial
• mudanças na dieta e no estilo de vida
• medicamentos para reduzir a pressão arterial
• em casos graves, a interrupção da gravidez antecipando o parto
Prevenção da hipertensão na gestação
Embora a hipertensão na gestação não possa ser totalmente prevenida, há medidas que as mulheres grávidas podem tomar para reduzir o risco de desenvolver a condição:
• fazer exames pré-natais regulares
• manter um peso saudável antes e durante a gravidez
• manter uma dieta saudável e equilibrada cortar o consumo de álcool e tabaco
• manter-se ativa e praticar exercícios de baixo impacto
Lembre-se: informação é sempre bem-vinda, mas diagnósticos, tratamentos e orientações são sempre realizadas por médicos especialistas. Em caso de dúvida, suspeita de hipertensão ou outras condições de saúde, informe imediatamente sua equipe.
Dra. Midiã Vergara Bandeira
Ginecologia Obstetrícia
CRM 28972-PR RQE 19354