Estresse e tristeza na gestação fazem mal para o bebê? Entenda a verdade
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Jul 25, 2025

Estresse e tristeza na gestação fazem mal para o bebê? Entenda a verdade

Muito se fala sobre como o estresse e a tristeza podem afetar a gestação e o bebê, mas esse é um assunto que exige cuidado. Embora seja muito importante cuidar da saúde emocional durante a gravidez, também temos que lembrar que nem toda emoção negativa representa um risco.

Viver com sentimentos como ansiedade, medo e tristeza faz parte da experiência humana, e da maternidade também.

A vida real tem estresse, e isso é normal

Vivemos em uma rotina acelerada, especialmente nas grandes cidades. Trabalho, trânsito, compromissos e até a expectativa em torno da gravidez podem gerar estresse.

É inviável imaginar uma gestante totalmente livre de preocupações. E isso não faz dela uma mãe menos cuidadosa ou com uma gestação menos saudável.

O estresse é uma resposta natural do corpo a desafios e mudanças. O problema não está em sentir, mas sim em não conseguir lidar com esses sentimentos de forma saudável.

Tristeza é um sentimento humano

A tristeza é uma emoção comum e necessária. Ela ajuda o corpo e a mente a processarem situações difíceis, perdas ou inseguranças. Durante a gestação, oscilações hormonais podem intensificar esses sentimentos e isso não significa que algo esteja errado.

O que precisa ser avaliado é a intensidade e a duração da tristeza. Há uma diferença importante entre uma tristeza passageira e um quadro de depressão gestacional, que exige atenção profissional.

Quando a tristeza e o estresse merecem cuidado especial

A depressão na gestação, se não tratada, pode impactar a saúde da mulher e o desenvolvimento do bebê. Por isso, é fundamental identificar sinais de alerta, como:

  • Tristeza profunda e persistente
  • Falta de interesse ou prazer nas atividades do dia a dia
  • Alterações no sono e no apetite
  • Sentimentos de culpa, incapacidade ou desesperança
  • Dificuldade em se conectar com a gestação ou com o bebê

Esses sintomas não devem ser ignorados. O acompanhamento psicológico e psiquiátrico é seguro e essencial, inclusive durante a gravidez.

A importância da empatia com a gestante

Dizer a uma mulher que ela “não pode se sentir triste” ou que “se estiver estressada o bebê vai sentir” é uma forma de culpabilizar algo que é natural. Esse tipo de discurso gera peso emocional e aumenta a ansiedade, principalmente em gestantes que já estão vivenciando uma fase sensível.

A gestação não é feita apenas de alegria, é um período de transição, de transformações e, muitas vezes, de vulnerabilidade. O papel da sociedade, da família e dos profissionais de saúde é acolher, e não cobrar perfeição emocional.

Cuidar da saúde emocional é parte do pré-natal

Durante as consultas, é importante conversar não só sobre o corpo, mas também sobre o emocional. A escuta atenta e sem julgamentos é uma ferramenta poderosa de cuidado.

Algumas dicas simples ajudam a promover o bem-estar emocional na gestação:

  • Praticar atividades relaxantes (como caminhadas, leitura ou meditação)
  • Manter o contato com pessoas queridas
  • Evitar comparações com outras gestações
  • Procurar acompanhamento psicológico se sentir necessidade

Não existe gestação perfeita, existe gestação real

O estresse e a tristeza fazem parte da vida, inclusive da gravidez. O importante é acolher esses sentimentos com gentileza, entender que eles são naturais e buscar ajuda quando necessário.

Pressionar uma mulher a “não sentir” é o oposto do cuidado. Acolher, ouvir e orientar é o que realmente faz a diferença.

Dra. Midiã Vergara Bandeira
Ginecologia Obstetrícia
CRM 28972-PR RQE 19354