Apr 24, 2025
Sua candidíase de repetição pode nem ser candidíase
Entre as queixas mais comuns nos consultórios ginecológicos está o corrimento vaginal. É um incômodo que afeta milhares de mulheres e que, muitas vezes, persiste mesmo após diversos tratamentos.
O motivo? Na maioria dos casos, o problema está em diagnósticos clínicos feitos apenas pela observação dos sintomas, sem o uso de ferramentas que permitam identificar o agente causador com precisão.
É aí que o microscópio se torna um aliado indispensável para o diagnóstico correto das infecções ginecológicas.
O erro comum: confiar apenas na avaliação clínica
Durante muito tempo, era comum que o diagnóstico fosse feito apenas pela análise dos sintomas:
- “Tem coceira? Deve ser candidíase.”
- “Tem cheiro forte? É vaginose.”
O corpo feminino é mais complexo do que isso
Nem sempre os sintomas são suficientes para determinar o tipo de infecção. Em alguns casos, podem até coexistir duas infecções diferentes ao mesmo tempo, exigindo abordagens distintas no tratamento.
Quando o diagnóstico é feito apenas de forma clínica, o risco de erro é alto e o tratamento tende a ser ineficaz, levando à frustração e à recorrência dos sintomas.
O papel da microscopia na avaliação ginecológica
A microscopia vaginal é um exame rápido, indolor e extremamente eficiente para o diagnóstico de infecções íntimas.
Durante o exame, a secreção vaginal é coletada e analisada no microscópio. Essa observação permite identificar com exatidão o agente causador da infecção, diferenciando entre:
- Candidíase vaginal, causada por fungos
- Vaginose bacteriana, resultado de desequilíbrio da flora vaginal
- Tricomoníase ou outras infecções
- E até condições não infecciosas, que também podem gerar coceira ou odor
Com o diagnóstico correto, o tratamento pode ser direcionado de forma personalizada, evitando o uso desnecessário de medicamentos e garantindo resultados duradouros.
Quando desconfiar de um diagnóstico errado
Se você já passou por vários tratamentos para candidíase ou vaginose e o problema sempre volta, é hora de investigar mais a fundo. Alguns sinais de alerta:
- Corrimento que volta logo após o tratamento
- Uso repetido de pomadas sem melhora
- Coceira, ardor ou odor que variam ao longo do ciclo
- Receitas diferentes a cada consulta, sem resolução definitiva
Esses são indícios de que talvez o diagnóstico inicial não tenha sido preciso e que a microscopia pode trazer respostas mais claras.
Um olhar mais atento sobre a sua saúde íntima
O microscópio é símbolo de cuidado e precisão. Ele permite que o ginecologista vá além do “parece ser” e chegue ao “é isso”, oferecendo um tratamento assertivo, humanizado e resolutivo.
Cada organismo é único. Entender o seu corpo é o primeiro passo para tratar com eficiência e viver com mais bem-estar.
Nem tudo que coça é candidíase. Nem todo odor é sinal de vaginose
Se você sofre com corrimentos de repetição, coceira ou desconfortos vaginais, procure um profissional que realize microscopia ginecológica.
Um diagnóstico correto é o caminho mais curto para um tratamento eficaz e para o fim dos incômodos.
Dra. Midiã Vergara Bandeira
Ginecologia Obstetrícia
CRM 28972-PR RQE 19354