Nov 17, 2025
Entenda os perigos da diabetes gestacional e saiba como se cuidar
Nos últimos anos, o número de diagnósticos de diabetes gestacional aumentou de forma significativa no Brasil e no mundo. Conversando com profissionais da área da saúde, é fácil perceber: nunca se viu tantas gestantes com glicemia de jejum acima de 92 mg/dL já no primeiro trimestre da gravidez.
Essa mudança reflete transformações no estilo de vida das mulheres, como maior sedentarismo, alimentação desequilibrada e aumento do estresse e da obesidade, mas também reforça a necessidade de mais informação e cuidado sobre o tema.
O que é a diabetes gestacional?
A diabetes gestacional (DG) é uma condição caracterizada pelo aumento dos níveis de glicose no sangue durante a gravidez. Ela ocorre porque, nesse período, os hormônios da gestação podem reduzir a ação da insulina, o que faz com que o corpo da mulher tenha mais dificuldade em controlar a glicemia.
O diagnóstico é feito quando:
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A glicemia de jejum é igual ou superior a 92 mg/dL, e/ou
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O teste oral de tolerância à glicose (TOTG) apresenta valores alterados em qualquer das medições.
É importante ressaltar: glicemia de jejum acima de 92 já é diagnóstico de diabetes gestacional, mesmo que o teste oral ainda não tenha sido realizado.
Por que a diabetes gestacional é uma condição séria?
Apesar de ser cada vez mais comum, a diabetes gestacional é uma doença que exige acompanhamento rigoroso. Quando não controlada, ela pode gerar complicações importantes, como:
- Aumento do líquido amniótico (polidrâmnio)
- Bebês com peso elevado (macrossomia fetal)
- Dificuldade no trabalho de parto e maior risco de cesárea
- Hipoglicemia neonatal
- Em casos mais graves, risco de óbito fetal
Esses riscos mostram por que é fundamental não negligenciar o diagnóstico nem o tratamento.
Hábitos e acompanhamento são fundamentais
O controle da diabetes gestacional é possível e faz toda a diferença para a saúde da mãe e do bebê. O tratamento deve incluir:
1. Acompanhamento médico frequente
A gestante com DG deve ter o suporte de um obstetra e, se necessário, endocrinologista, para monitorar a glicemia e ajustar o plano de cuidados.
2. Plano alimentar individualizado
A alimentação é o pilar do tratamento. Uma dieta equilibrada, orientada por um nutricionista especializado em gestação, ajuda a manter os níveis de glicose sob controle, garantindo os nutrientes necessários ao bebê.
3. Atividade física regular
Exercícios supervisionados auxiliam no controle da glicemia e melhoram o bem-estar da gestante.
4. Monitoramento da glicemia
Aferir a glicemia em casa, conforme orientação médica, ajuda a identificar oscilações e ajustar rapidamente a alimentação e o tratamento.
O problema da negligência
Infelizmente, ainda há muitas falhas na identificação e condução da diabetes gestacional.
Não é raro encontrar mulheres com exames alterados que não foram orientadas sobre o diagnóstico ou o cuidado necessário.
Essa falta de atenção pode ter consequências graves e reforça a importância da informação baseada em evidências científicas.
A gestante deve compreender o significado dos seus exames, discutir resultados e participar ativamente das decisões sobre o tratamento.
A diabetes gestacional não deve ser subestimada
A glicemia de jejum acima de 92 mg/dL é, sim, um diagnóstico que precisa ser tratado com seriedade e acompanhamento contínuo.
Com hábitos saudáveis, monitoramento e uma equipe bem orientada, é possível garantir uma gestação segura e um parto tranquilo, protegendo a mãe e o bebê.
Dra. Midiã Vergara Bandeira
Ginecologia Obstetrícia
CRM 28972-PR RQE 19354